domingo, 11 de outubro de 2009

Ex-modelo retorna à vida cotidiana em busca de oportunidade

Maria Beatriz Furtado de Araújo ainda não foi indenizada e já passou por 16 cirurgias

Gilmar Hernandes

A ex-modelo Maria Beatriz Furtado de Araújo, que teve 35% do corpo queimado por um bando de homens encapuzados, que atacou no dia 28 de dezembro de 2006, um ônibus que trafegava pela Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, relatou em entrevista exclusiva para o Portal GHM Produções detalhes sobre a tragédia, a recuperação, o otimismo para retomar a vida cotidiana em busca de uma oportunidade de trabalho e o lançamento de um livro.

Além de Bia Furtado, outros 27 passageiros viajavam no ônibus prefixo 6011 da Viação Itapemirim, que trafegava pela Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, seguindo de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, para São Paulo, quando 15 encapuzados interceptaram o veículo e atearam fogo. Na tragédia, nove pessoas morreram e outras gravemente feridas.

Ela ainda aguarda o resultado de uma ação indenizatória contra a empresa de ônibus, com pedido de tutela antecipada, na 4ª Vara Cível do Fórum de Olaria, no Rio de Janeiro. “Não recebi nada da Justiça e se dependesse de alguma indenização para meu tratamento, pode ter certeza que eu estaria morta”, pondera.

Depois de realizar 16 cirurgias de reabilitação, sendo a mais recente no mês de agosto deste ano, Bia Furtado passou uns dias na casa da mãe no Espírito Santo, e desde a quinta-feira passada está de volta a São Paulo para refazer a vida. “Tive 35% do corpo queimado e com proporções psicológicas e físicas muito profundas. Posso dizer que a minha vida está tomando um rumo mais equilibrado”, confessa Bia Furtado.
A ex-modelo, que começou aos 15 até aos 29 anos, quando precisou ser abruptamente interrompida pela tamanha violência, ressalta que sofreu muito com dores físicas, psicológicas e ainda pela falta de recursos para dar continuidade no tratamento. “Graças a Deus todo este sofrimento não conseguiu destruir meus sonhos, quero realizar todos e estou sentindo que este é o momento”.

Apesar da tragédia, Bia Furtado conta que aprendeu muito, que hoje observa a todos que estão a volta dela e sente que se aproximou de Deus. “A solidariedade de desconhecidos, o amor da minha família e dos amigos, me tocou de uma forma especial e fez nascer um conceito de vida diferente”.

Embora ainda não esteja com um trabalho fixo, espera retomar as atividades, pois além de modelo, também é formada em moda. “Não recebi nenhum convite, estou buscando uma chance para mostrar o que sei fazer de melhor, que é trabalhar com moda. Tenho feito alguns trabalhos de pesquisa como free lance, mas não dá para viver assim, quero algo fixo que eu possa trabalhar com o mínimo de garantia”.

Atualmente, as prioridades dela são voltar para São Paulo, conseguir um bom trabalho e quando tudo estiver encaminhado lançar um livro. “Eu já tinha a idéia de escrever algo que documentasse o ocorrido, mas foram tantos acontecimentos que tudo acabou ficando apenas no pensamento. No decorrer do processo de cirurgias no Rio de Janeiro conheci a Kellyane [assessora de imprensa], e em uma de nossas conversas, ela levantou a questão e colocou a maior pilha”.

*Fotos gentilmente cedidas pela Bia Furtado

GHM PRODUÇÕES – Quase três anos após a tragédia do ônibus prefixo 6011 no Rio de Janeiro, em que você teve boa parte do corpo queimado. Como está a saúde e vida de Bia Furtado?

Bia Furtado -
Ainda estou em tratamento, no momento estou me recuperando da 16º cirurgia que foi realizada no mês de Agosto. Tive 35% do corpo queimado e com proporções psicológicas e físicas muito profundas. Posso dizer que a minha vida está tomando um rumo mais equilibrado, mas afirmo que não foi fácil chegar a este ponto.

GHM PRODUÇÕES – Como é a rotina da Bia hoje?
Bia Furtado -
Estou me preparando para voltar a São Paulo e tocar minha vida profissional e pessoal que estacionou após o acidente. Sofri muito com dores físicas, psicológicas e a pressão pela falta de recursos financeiros para meu tratamento, pois não recebi nada da justiça e se dependesse de alguma indenização para meu tratamento, pode ter certeza que eu estaria morta.
Graças a Deus todo este sofrimento não conseguiu destruir meus sonhos, quero realizar todos e estou sentindo que este é o momento.
Atualmente [até o dia 8 deste mês de outubro] estou na casa da minha mãe no Espírito Santo curtindo minha família que é o que tenho de mais importante.

GHM PRODUÇÕES – É precisa fazer mais cirurgias? Que estágio está o tratamento?
Bia Furtado -
Foram realizadas 16 cirurgias de grande porte com duração média de 10 horas, ainda estou em tratamento e não sei exatamente se precisarei de mais cirurgias. Este parecer vai ser dado pelo médico que acompanha meu caso.

GHM PRODUÇÕES – Como está o andamento do processo de indenização contra a empresa de turismo? Como está custeando o tratamento?
Bia Furtado -
Infelizmente ainda não fui indenizada, o processo está correndo na justiça, e no momento é o que mais me afeta diretamente, pois não estou trabalhando e dependo da minha família. Está difícil, mas tenho esperança que tudo vai dar certo.

GHM PRODUÇÕES - Você ficou em estado gravíssimo e graças a Deus conseguiu se superar. Isso mudou a maneira de você encarar a vida? O que mudou?
Bia Furtado -
Aprendi muita coisa e continuo aprendendo. Este episódio me transformou em uma pessoa mais humilde. Hoje observo quem esta a minha volta, sou mais sensível e sinto que me aproximei de Deus.
A solidariedade de desconhecidos, o amor da minha família e dos amigos, me tocou de uma forma especial e fez nascer um conceito de vida diferente. Eu vivia em um mundo onde as pessoas eram muito superficiais, e com isto eu desconhecia alguns sentimentos e valores que foram revelados, com esta experiência triste, mas cheia de lições.

GHM PRODUÇÕES – O trauma já foi superado? Ainda faz acompanhamento psicológico?
Bia Furtado -
Posso dizer que estou conseguindo lidar com isto a maior parte do tempo. Tenho muito bom humor e sou otimista e isto ajuda.
Não é uma tarefa fácil, só o tempo é capaz de curar as feridas da alma, e infelizmente não existe um comprimido que faça desaparecer para sempre tudo o que passei.
Não estou fazendo nenhum tratamento psicológico com analista, apenas sigo a medicação prescrita pelo médico.

GHM PRODUÇÕES – Qual foi à importância do seu marido para sua recuperação?
Bia Furtado -
O Beto me ajudou muito, ele esteve ao meu lado nos piores momentos, passamos por uma separação dolorosa, mas já superada e hoje somos amigos.

GHM PRODUÇÕES – Como está sendo a procura por um trabalho ?
Bia Furtado -
Estou buscando uma oportunidade de trabalho. Já elaborei um currículo, estou batalhando, pedindo uma chance para trabalhar. Confesso que é uma tarefa que exige muita paciência e persistência, são muitos concorrentes, muitas portas fechadas e poucas vagas.

GHM PRODUÇÕES – Você também é formada em Moda, estão surgindo convites nessa área?
Bia Furtado -
Não recebi nenhum convite, estou buscando uma chance para mostrar o que sei fazer de melhor que é trabalhar com moda. Tenho feito alguns trabalhos de pesquisa como free lance, mas não dá para viver assim, quero algo fixo que eu possa trabalhar com o mínimo de garantia.

GHM PRODUÇÕES – Atualmente, você mora em São Paulo...?
Bia Furtado -
Estou no Espírito Santo [esteve até o dia 8 de outubro] e devo voltar para São Paulo [no dia 8/10]. Tenho muitos projetos e o andamento para realização só vai ser possível com o retorno a São Paulo.

GHM PRODUÇÕES – Quais seus projetos para os próximos meses?
Bia Furtado -
As prioridades a princípio são voltar para São Paulo, conseguir um bom trabalho e quando tudo estiver em ordem lançar o meu livro. Eu já tinha a idéia de escrever algo que documentasse o ocorrido, mas foram tantos acontecimentos que tudo acabou ficando apenas no pensamento.
No decorrer do processo de cirurgias no Rio de Janeiro conheci a Kellyane, e em uma de nossas conversas ela levantou a questão e colocou a maior pilha. Eu não me sentia preparada naquele momento, mas ela disse que me ajudaria a escrever e foi assim que tudo começou. Nos primeiros dias foi muito difícil, pois relembrar tudo novamente é como reviver e isto é muito forte para quem fala e também para quem escuta. Durante muitos dias eu e a Kellyane (Produtora) conversávamos de 18h00 até altas horas.
A energia do assunto era tão forte que perdíamos o sono. Passar para o papel os sentimentos não é uma tarefa fácil. Este livro representa esperança e espero que ele possa trazer coisas boas para os leitores, e estamos trabalhando para isto.

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